a casa (III)

Tentava escrever

as casas, o movimento das casas, as casas
que se movem

translúcidas,

como vértebras de rios
em liquido amniótico,
traços, espinhos de pedra e barro, terra cravo

traços, argila e água, enquanto
escrevia o corpo, a noite

a noite fechada, a luz
na raiz da luz, por colher

caminho, amarelecido e gasto, por guardar,
como diários de quem não se soube escrever no tempo

de quem se esqueceu do seu único

e primeiro grito,

adiado no projecto da lágrima, na história instante
da raiz que cresce intacta, por guardar

na voz. Na voz

a tinta permanente,
o silêncio

que tentava escrever


Janeiro 2017.24


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